quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Tem a coisa certa. E tem certas coisas...


2012 está começando e tem um monte de gente fazendo as mais estapafúrdias promessas de ano-novo. Nada contra elas, desde que você saiba de antemão que não vai emagrecer, e, mesmo que consiga, felicidade não é inversamente proporcional à massa corpórea, como a imprensa apregoa. E, já que essa é uma boa época para fazer lista de coisas que você quer fazer, eu fiz uma singela lista de coisas que eu não quero que ninguém faça. Nunca. Na verdade, considerarei que você, não importa quem seja, foi uma pessoa legal se sua vida tiver terminado antes de você fazer uma dessas
Coisas que você deveria morrer antes de fazer:
  1. Iniciciar a carreira de cantor gospel:
    Sério, fico imaginando que tipo de gente é o cantor gospel: Ele acha que vai pro céu? De graça, todo cantor gospel já desrespeita dois mandamentos: O segundo (não tomar o Santo nome em vão) e o terceiro (surpresa! Vai ter que pesquisar no Google!), já que ele, obrigatóriamente, está trabalhando nos dias de guarda. Ele é um bajulador supremo, puxando o Maior Saco de Todos os Tempos? Ou seria só uma coisa tipo os grupos de funk e pagode, em que habilidade é dispensável (se você não gosta de funk e pagode, mesmo com as mulheres rebolando, podem achar que você não curte mulher. Se não curtir música gospel, acharão que você não gosta de Deus, não é mesmo?)?
    Talvez eu tenha ficado implicante depois de ouvir algumas horas de gospel por dia ao longo de vários meses em que a reforma se desenrolava em casa, talvez eu esteja apenas prestando solidariedade à minha irmãzinha que já no seu primeiro emprego tem que conviver com essa música todas as horas em que estiver trabalhando, talvez seja o fato de que justo meus alunos com pior comportamento fiquem ouvindo essa música ao longo de todas as aulas, talvez eu esteja irritado com a carolice de colegas e superiores que não apreendem aparelhos em volume alto quando este toca gospel, ou, quem sabe, seja só obrigar todo CD gospel a vir com a advertência “você não precisa ouvir esse CD em loop perpétuo; Apertar o botão de parada durante sua execução não condenará sua alma imortal ao inferno”. Fizeram coisa muito mais drástica para eliminar a fumaça do cigarro que, sinceramente, incomodava bem menos. Mas, se para poder falar de amor é necessário já ter amado, por que para falar de Deus basta ler um livro? Que vá conversar pessoalmente com o Criador! Se você morrer, voltar, e montar uma banda de zumbis gospel, aí sim terá meu respeito (mas eu não compro o CD nem vou ao show, vai que você descobriu um jeito de sugar meu cérebro pela música?).
  2. Comprar um esportivo automático:

  3. Um automóvel esportivo, em sua essência, não precisa ser um modelo potente. Seria um modelo que busca o melhor desempenho em dadas situações. Para tanto, alguns aspectos podem ser sacrificados, tais qual capacidade de carga, conforto, nível de ruído, consumo ...Até beleza é secundária. Esses esportivos, via de regra, são desafiadores para o uso comum: Seu motor, calibrado para o máximo desempenho possível, costuma ser “difícil”, com uma estreita faixa de rotações na qual a força é máxima, com uma queda abrupta de desempenho fora dela. Os comandos são pesados, por que a energia usada para deixá-los macios em carros comuns está indo para as rodas, entre outras coisas. E eles são divertidos exatamente assim! Você precisa ter, mesmo, muita habilidade para “conquistar” um esportivo, e usar essa habilidade é o que daria graça na coisa toda.
    Um carro com cambio automático é, em poucas palavras, o oposto do que foi descrito no parágrafo anterior. Pessoas que só querem um meio de condução, sem pretensões de ser um bom motorista, deveriam comprar o automático (e um GPS, e concentrar-se SÓ em não bater o carro, o que já pode dar muito trabalho!). Velhinhos com Alzheimer, crianças de 12 anos, bêbados, orangotangos e atendentes de telemarketing são capazes de pôr um carro com cambio automático em movimento. Isso não é bom, mas é possível. O cambio automático, em suma, reduz a interação com o carro, em troca disso, entrega conforto e deixa de exigir certas habilidades.
    Chegamos ao ponto perigoso: O que chama-se de esportivo automático é um carro que não exige habilidade alguma para ser conduzido a mais de 250km/h. Um velhinho com Alzheimer achou a chave de seu BMW? Torça para que ele ache um muro antes de cruzar com uma fila de crianças! Um bêbado saiu da balada com seu Camaro? Vai dar uma passadinha nos noticiários! Um moleque não habilitado pego a chave do A3? Torça para que a polícia, e não o necrotério, ligue avisando que eles foram encontrados! Bem, o tio do Peter, estava certo: Grandes poderes precisam trazer grandes responsabilidades; alto desempenho deve vir acompanhado de grande habilidade, ainda que essa habilidade seja usada para NÃO entregar uma performance maior que as ruas permitem.
  4. Bater num cachorro:
    Violência é violência. Não é exatamente agradável saber que alguém usou um recurso tão baixo contra um cara, uma mulher ou criança. Mas bater em humanos tem um efeito curioso: Mesmo que ninguém saiba por que estão batendo, o fulano sabe por que apanha. O pobre animalzinho não faz nada que não esteja em seus instintos, logo, é uma criaturinha sempre inocente, mesmo que seja uma máquina assassina bem treinada (caso em que, convenhamos, ele DEVE atacar quem o mandou para o treinamento). Bater em cachorro tem um adicional de covardia: Se você chama o bichinho, ele vem todo contente, mesmo que seja pra apanhar.
  5. Ganhar um quadro fixo no “zorra total”:
    Precisa comentar? Não, ok, então, próximo item é...
  6. Votar no Sarney:
    Primeiro, por que eu duvido que ele precise mesmo de votos para continuar se elegendo. Depois, por que é o Sarney! Olha pro Maranhão! Veja o Senado! Alguém já leu o livro dele? Só mesmo sendo ruim feito um marimbondo, ou estando de fogo para considerar aquilo obra suficiente para o cara entrar na ABL (aliás, também dê uma olhada na reforma ortográfica...).
  7. Seguir as letras miúdas dos comerciais:
    Ok, ok, cinto de segurança salva vidas. Não é bom embebedar criancinhas, seu veículo precisa de manutenção regular. Tudo isso é verdade. Mas, convenhamos, estamos cada vez pensando menos com nossa própria cabeça. E os nossos legisladores estão adorando isso. Algo do tipo ”não se preocupe, somos seus tutores e estamos aqui para fazer seu bem...” Tá. Meu bem, senhores Barbalho, Magalhães Neto e Cia? Não é por nada, mas antes dos legisladores brasileiros prefiro confiar no Computador do jogo paranóia. Se você realmente precisa de instruções em letras miúdas, recomendo seriamente que acabe de ler esse texto, em seguida apague-o de seu histórico, e, logo após, cometa suicídio. O modo é opcional, mas considerarei um favor pessoal se for doloroso.

Um comentário:

Josei disse...

Eu sei como a Kami Sal se sente. Passei loooongos 5 meses da minha vida ouvindo música gospel enquanto trabalhava. Hoje em dia, eu até me sinto mal quando ouço uma voz estridente de cantora gospel.