sábado, 6 de junho de 2015

Eu sabia o que viria a seguir. Não era a primeira vez. Mesmo assim, tentei parecer surpreso. A pontada no peito se espalhando pelo braço esquerdo é bastante divulgada, mas qualquer dor acima do umbigo em minha situação já teria me dado a certeza: Infarto. Falar enquanto o coração explode não é uma tarefa fácil: Ao sugar o ar, parte do sangue que sai do coração entra nos pulmões, numa sensação parecida com um engasgo muito forte. O reflexo é tossir. Estranhamente, por muito tempo, acreditou-se que estimular essa tosse pudesse fazer bem, mantendo o coração no ritmo e adiando a morte. Não era o caso. Em poucos segundos, eu expeliria um jorro de sangue com tosse ao invés do último suspiro. Agarrei o casaco de meu interlocutor e reuni forças: "Ajude-me". "Te ajudar? Ajudar você? Tem alguma ideia do problema em que estou? Do problema em que VOCÊ nos colocou? Nós podemos ser mortos por uma..." Estava mesmo muito difícil prestar atenção. Eu sei que já tinha visto aquela pessoa antes, mas o que me deixou realmente feliz foi o fato de ter conseguido ir parar ali.

domingo, 5 de abril de 2015

"-Sim", ele disse "é verdade, mas apenas de certo modo." Confesso que minha surpresa era grande. Não esperava que ele dissesse algo. Na verdade, não esperava que ele estivesse ali. Mais uma olhada e quem estava no lugar estranho era eu.