terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Amanhã
Começa a campanha "vamos tirar o planeta do sufoco", da APAS (Associação Paulista de Supermercados), retirando de circulação aquelas vilãs do meio ambiente, as sacolinhas plásticas. Pode haver boa intenção no meio dessa história? Duvido, mas pode.
Eu até gosto das sacolinhas. Não vou dizer que dá pra nutrir um amor, mas elas servem à sua função, e depois você pode soltar seu "lado Macgiver", fazendo pequenos para-quedas, balões, improvisando um barbante para segurar uma árvore, fazendo uma bolsa de gelo, embrulhando toscamente alguma parte do corpo que não se queira molhada, como fazem os motociclistas com os pés, etc.
O fato é que as sacolinhas, após usadas, as sacolinhas eram normalmente destinadas a embalar lixo. Uma conta simples: Se você produzir um volume de lixo parecido com o volume de produtos comprados em mercado, não precisaria ter a despesa de comprar o saco de lixo e em seguida jogar as sacolinhas dentro.
Meu palpite (não estive em nenhuma reunião da APAS) é mais que via-se nisso a incoerência de vender menos do que se poderia de uma mercadoria (os tais sacos de lixo), por estarem dando um substituto gratuito (a sacolinha).
Quando, há eras, trabalhei como empacotador, notei que os supermercados tendem a ser bastante mesquinhos com as sacolinhas. O motivo disso é que elas custam em torno de 19 décimos de centavo cada, sem retorno aparente algum .
Lembremos do Princípio Dilbert: Se o cara fosse competente para algo, não estaria numa posição de liderança. Sendo assim, se algo parece não dar lucro ao dono do mercado, esse algo deve ser evitado pelo mercado. É sabido que alguns mercados simplesmente desligam suas geladeiras quando sai o último cliente para economizar energia. Não estou certo que sejam sempre os pequenos a fazer isso.
Um aparte: Sabe o café que a maioria dos mercados oferece? Ele está lá por que os clientes evitam os mercados que são mesquinhos a ponto de não oferecê-lo. Disso deduz-se sem dificuldade (pois, se fosse levemente difícil deduzir isso os administradores não o fariam) que clientes não gostam de mercados que pareçam mesquinhos. Mas como ser mesquinho sem parece-lo? Esse dúvida deve ter passado por várias cabeças no passado, mas não agora: O ecochato está na moda!!!
E, nada mais maneiro para um ecochato que "todos fazerem um sacrifício para o bem comum". Eu sacrificaria de bom grado quem inventou esse discurso, mas vamos em frente, afinal, temos de pensar no planeta que deixaremos para nossos filhos (Nossos? Eu sou solteiro, conheço um monte de gente que não tem filhos, sem falar nos estéreis e nos gays, que, mesmo que queiram muito, não reproduzirão. De novo, vá lá...), já que o Planeta, um dia, será deles (SOCOOOOOORRROOOO!!!! Mas, que seja, em frente com o discurso). Juntando os dois, podemos colocar algumas imagens de tartaruguinhas sufocadas, uma musiquinha triste, e pronto: Os ecochatos compram a idéia de que as sacolinhas devem ser extintas!
Ecochatos, aliás, não são muito bons em pensar: Odeiam ficar sem energia, odeiam usinas termoelétricas, odeiam usinas nucleares, odeiam geradores hidroelétricos. Gostam mais de paineis solares, que liberam metais pesados no ambiente, e das usinas eólicas, que são instáveis, caras, ocupam áreas cultiváveis e atrapalham o fluxo migratório dos animais.
Mas como as pessoas carregarão as compras? Ué, e o porta-malas do carro serve pra que? Basta ligar um motor à combustão cada vez  que quiser um pãozinho. Lixo? Para um ecochato não existe lixo, você que não está sabendo reaproveitar. Guarde-o em casa. Invenções bizarras? Oras, faça-as com outra coisa. Um ecochato de verdade fará beicinho e falará que "você (snif) está matando(snif) o planeta (lágrima). É o único que temos. (outro aparte: CLARO que é o único que temos, caralho! Acha que estou dividindo ele com você por que quero?).
O problema é que, alem da história de ser ecologicamente correto acabar com as sacolinhas ser bastante fajuta, ainda acaba com um costume adquirido: O da compra por impulso. Todo mundo já deve ter passado pela experiência de entrar num mercado só pra passar um tempo, ou fugir da chuva, ou para comprar só uma coisinha e achar várias coisas interessantes, levando pra casa muito mais do que havia planejado. Esse hábito terá que morrer a partir de amanhã. E com ele, um percentual significativo dos lucros do mercado.  Como mantê-los, equilibrando as compras em caixotes nem sempre disponíveis, nem sempre com cheiro compatível com o que você comprou, nem sempre resistentes à chuva? Sair do mercado com ítens de açougue, um sangrento pedaço de animal morto e esquartejado sendo exibido para todos em seu caminho enquanto é arrastado pelas ruas e alamedas pode não parecer tão legal quanto soa agora. Principalmente com cães famintos no caminho.
Talvez a APAS tenha dado um tiro no pé. O povo, resignado, fará sua parte. Parece que suportar pequenas privações e achincalhamentos faz parte da cidadania nacional. Mas, em algum momento, as sacolinhas farão falta.

3 comentários:

mdom disse...

Realmente, vou precisar comprar sacolas de lixo agora. Gostava delas como lixo. Podiam doar sacolas de papelão...

Josei disse...

Pior é que parece que tem uma minoria de incautos que não vê que isto não é exatamente pelo bem do planeta, mas sim pelo bem do bolso dos supermercadistas. Se quisessem mesmo ser ecológicos, trocariam as sacolinhas comuns pelas oxibiodegradáveis, em vez de obrigar todo mundo a usar sacos de lixo que não o são.
E quer saber bem a verdade? O planeta se regeneraria se os humanos poluíssem bastante e, por fim, acabassem por extinguir a humanidade. Então, eu voto por mais sacolinhas, combustíveis fósseis, usinas nucleares, etc...

Kami Sal disse...

Sim, se fosse pelo bem do planeta usariam aquelas sacolas estilo shopping que a gente nunca joga fora e fica desfilando com elas por aí porque são muito bonitas.
E ainda tenho esperança que 2/3 da humanidade descubram que são aliens e voltem para seu planeta de origem.