domingo, 20 de maio de 2018

O que a gente faz depois, Pitty?


Dizem que não somos o que achamos que somos. Nem o que os outros acham da gente, nem mesmo nossa origem, passado e planos. Tudo isso é irrelevante diante de um fato: O que fazemos? Obviamente, uma pessoa pode considerar-se boa, mas, se fizer o mal de forma costumeira, será má. Há lógica e coerência em julgar uma pessoa assim: Alguém pode ser forçado a agir de formas que não queria, mas, na maior parte do tempo, a maior parte das pessoas tem opções de ação. Esse poder, embora pequeno, já é suficiente para medir o caráter de alguém. Nossas limitações também são claras: Vigiados, representamos papéis: O marido, o filho, o empregado, o amigo, o cliente, o patrão, o senhorio, o locador... Temos mais poder quando estamos à sós. Odiar companhia por isso pode ser um traço megalômano, ou só cansaço de representar papéis, ou só ódio, mesmo. Pessoas são difíceis. De entender, de gostar, de trabalhar com elas, de cobrar aluguel... Para mim, a solidão sempre foi um bem precioso. Não saberia o que fazer se os blogs voltassem à moda agora. Provavelmente abandonaria novamente e perderia a chance de registrar-me para conferência futura. De fato, o que me preocupa é o quão pouco só posso ficar, embora sinta-me bastante solitário. Sempre vigiado, impelido à representação de algum papel, sinto falta de saber o que eu mesmo faria sem as amarras. Então, por alguns segundos, na chuva, sem que ninguém me conhecesse, gritei de desespero. Um grito abafado, mas ainda assim eu ouvi. E não sei o que eu queria dizer com isso. Seria a constatação de que existem mesmo drogas que impedem de pensar em suicídio. Por que entrar em desespero por drogas que IMPEDEM DE PENSAR em suicídio? Afinal, se elas IMPEDEM DE PENSAR em suicídio, elas são boas, certo? Não deve ser isso. Tlavez a constatação de que continuo pensando nessas coisas mesmo sendo adulto. Achei que não pensaria em nada além de emprego e como sustentar a família, e é como se estivesse com defeito perceber que algo além de uma avaliação de desempenho ruim pode me afligir. E se ficar aflito for um defeito, como me desesperar pode consertar? como eu faria para não passar tempo inútil pensando em coisas improdutivas? Talvez, afinal, essa seja a prova de que sou humano. Estou começando, afinal, a gostar muito pouco das coisas que faço... Seria o Depósito que me deixou assim? Se for, como fazer, se todas as opções são piores, e ele próprio é inominável? Se for isso, talvez, a única solução é não ficar só...

domingo, 6 de maio de 2018

Nada para ver aqui hoje. Volte mais tarde
Pouca coisa nesse dia. A falta de água atrapalhou os planos de regar as plantas. Testei a lavadora de alta pressão que ganhei no natal (por mais contraditórias que sejam essas informações. O fato é que, sem molhar as plantas, sobrou tempo para fazer o teste, e lavar uma janela gasta muito menos água que regar uma chácara inteira...). Trinta e quatro dias de estiagem dão nesse tipo de coisa. Pelo menos, fiz doce de goiaba (não confundir com goiabada), e cheguei em casa com poucas novidades.

Sério que tem acontecido muita notícia de incêndio. Pelo menos dessa vez não houve feridos, e até dá para fazer uma piada (ruim) a respeito.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Há novelas que começam parecendo que vão durar menos que um comercial. Esse é o caso do atuador do vidro elétrico esquerdo do meu Opala.
No começo do ano, ele travou sem maiores explicações (além do fato que alguma coisa funcionando há mais de 30 anos está sempre sujeita a desgastes, claro.) Desde então, duas oficinas, uma proposta de enfiar uma broca e instalar uma máquina à manivela e nenhuma solução viável foram encontradas.
Hoje, busquei uma terceira oficina. Responderam com "vou ver o que posso fazer". Ter um carro velho é parecido com ter uma doença terminal: Buscamos esperanças desesperadamente em qualquer um que não seja extremamente cuidadoso em desenganar. "vou ver o que posso fazer" é quase uma promessa de cura! Realmente quero que essa novela acabe logo...

terça-feira, 1 de maio de 2018

Hoje pela manhã, só queria colocar essa imagem aí em cima no meu facebook, talvez um vídeo do Antti Kalhola (vale a pesquisa, se você não conhece. Aliás, se você que estiver me lendo existir e não conhecer...) O número, 24, e a sempre óbvia constatação que era um trabalhador morrendo no dia do trabalho, criado ironicamente para lembrar dos que lutaram para que tivéssemos mais descanso e assim reduzíssemos o índice de acidentes de trabalho. Mas acordei com outra imagem:

Os créditos de ambas as imagens são da Globo. O homem de jaqueta chamava-se Ricardo, possivelmente. Seu corpo não foi encontrado, mas, ao que tudo indica, morreu diante das câmaras, cerca de 10 segundos depois dessa imagem.
É estranho notar, o mundo deu 24 voltas em torno do Sol, mas, por algum motivo, a Globo ainda é uma fonte de informações bastante relevante. E pessoas morrem na frente de suas lentes no primeiro de Maio Sei pouco sobre os incidentes de hoje: O incêndio parece ter começado no quinto andar, espalhou-se rapidamente usando os fossos dos elevadores abandonados como chaminés. Alguns moradores saíram e voltaram para ajudar as pessoas que ainda estavam no incêndio. Parece ter sido esse o caso de Ricardo, se esse for seu nome. A estrutura colapsou totalmente, o que demonstra, incrivelmente, um projeto bem feito (se o prédio caísse sobre algum outro, a tragédia poderia ser bem pior). O ex-prefeito e futuro governador deu declarações infelizes, e, nesses tempos, discursos acalorados dividem as pessoas independentemente dos fatos. Sobre o incidente de 1994, é mais fácil falar: Houve uma perda de controle do carro, por conta de ondulações na pista (se elas quebraram a barra de direção ou se apenas impediram que o carro respondesse e a barra quebrou-se depois já foi motivo de bastante discussão), o piloto acionou os freios, mas sobre uma parte suja de asfalto e sem espaço nem material para absorver o choque, causou a forte desaceleração, fatal por sí, e a destruição do carro, que fez um de seus componentes perfurar o crânio e o cérebro do piloto. A morte foi instantânea. O incidente de 1994 marca a participação de Senna em seu último recorde da fórmula 1: Antes dele, Roland Ratzenberger havia falecido na véspera, mas Senna inaugura um período de 20 anos, cinco meses e quatro dias sem acidentes fatais na categoria (até Jules Bianchi, em Suzuka, 2014). Já o incêndio de hoje é precedido de certa forma pelo da Boate Kiss de 2013 (lugares públicos, incêndios de grandes proporções com vítimas fatais). Seria ótimo termos esperança de pelo menos um período longo sem esse tipo de evento novamente...