sexta-feira, 4 de março de 2016

O que dizer sobre hoje?

Em primeiro lugar, que voltei a escrever no blog, depois de tanto tempo. Isso pode ser bom. Pode voltar a ser um hábito, agora que não há mais pressão para fazê-lo. E voltei porque tenho uma opinião, que é só minha e queria registrar, mas não gostaria de resumir a 140 caracteres nem que virasse um "curti". Na verdade, embora haja o potencial de o mundo todo ler isso, escrevo para lembrar-me. A mim, apenas. E o que aconteceu hoje? Comigo pouca coisa. Final da terceira semana de aulas, pensei em uma prova para que os alunos do segundo ano não fiquem com matéria demais acumulada, seis aulas de manhã, tarde e noite para pensar em mercado (e em como aos poucos as pessoas usam a desculpa de uma crise para aumentar o preço do leite). Ao ex-presidente Lula, as coisas foram bem menos tranquilas: Acordado na mesma hora em que eu saía da cama, foi conduzido a uma delegacia prestar depoimento por quase quatro horas. Ficou puto, claro. Quem não ficaria? O negócio é que eu bravo, apenas posso ficar bravo. Com muito esforço, posso ter um enfarto, mas como nem isso aconteceu até hoje, pode ser que nem esse poder eu tenha. Quando o Lula fica bravo, as coisas que ele consegue fazer vão um pouco além. Para começar, chamou o líder de seu partido e discursou para a imprensa. Nunca foi mais pré-candidato à presidência que hoje. Da ação em si, há algo estranho. Se o Luis foi depor sempre que chamado, porque mandar camburão, imprensa, o escambau a quatro? É legal a Polícia Federal aparecer sem aviso na porta da casa de uma pessoa e levá-la para prestar depoimento, sem direito a uma consulta a advogado, nem nada? Isso viola vários princípios, como a inviolabilidade do lar, a liberdade de locomoção, a pressuposição de inocência, etc., que tanto ouço serem as bases de nossas leis? Tenho meus medos quanto a isso, pois trabalho com duas hipóteses: 1 - Lula é inocente: Isso não é tão impossível quanto algumas pessoas pensam. Ele é uma pessoa esperta, influente e carismática o suficiente para que ele mesmo não precise envolver-se ou mesmo saber da ocorrência de crimes que o beneficiem. Há ainda a questão de que depoimentos são uma prova bastante circunstancial num caso dessa importância, e é bem difícil achar que provas materiais apareceriam por aí, de bobeira depois de vinte e quatro fases de investigação. Pode, sim, ocorrer de Lula ser inocentado. Isso preocupa porque, nas palavras dos executores da ação, qualquer pessoa pode ter o mesmo tratamento que Lula teve hoje (ser acordado pela polícia, conduzido em camburão, etc.) Não é exatamente tranquilizador saber que a Polícia federal pode fazer isso com você sem precisar de um bom motivo... 2 - Lula é culpado: Também não é impossível: Poder corrompe, poder absoluto é um tipo de vício, diria a capa do GURPS Illuminatti. Acho até menos provável que haja desvio de dinheiro que tráfico de influências, venda de informações privilegiadas, etc. E então? Como fica a investigação, se essa operação for irregular? Todo o trabalho feito em conjunto por Judiciário, Receita, polícia civil, polícia militar pode ter sido jogado fora por conta de um espetáculo televisivo. De qualquer modo, foi dado muito a se pensar hoje. No discurso que fez, Lula deu uma ótima ideia de usar um decanter como vaso e falou de um "Eles", que pode muito bem não ser uma elite tão genérica assim. É claro que mandar o PT inteiro para a cadeia, incluindo a presidente é mais fácil que mencionar numa linha que seja um filiado do PSDB. Não basta ser corrupto, tem que deixar claro quem corrompe. Vou dormir e pensar um pouco, portanto.

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